quarta-feira, 1 de julho de 2009

Jornalista sem diploma, jornalista sem futuro

Desde que a profissão de jornalista foi regulamentada, na época do regime militar, o diploma universitário passou a ser exigido. Hoje, passados 40 anos o Supremo Tribunal Federal (STF) decide que é inconstitucional a obrigatoriedade do diploma para exercer o jornalismo.
Essa decisão trouxe muitas discussões na sociedade, já que 8 dos 9 ministros foram contra o diploma de jornalista para o exercício da profissão. Além de prejudicar os jornalistas profissionais e decepcionarem estudantes de jornalismo, a decisão que beneficia empresas de comunicação acaba atrasando a própria sociedade. O STF está ocultando à sociedade, um jornalismo sério, feito com competência técnica, ética, e valor cultural.
Todo mundo tem uma opinião, mas é fundamental saber como propagá-la. E nada melhor do que uma formação acadêmica para unir a teoria e a prática. Fazer uma faculdade só irá angariar mais conhecimento. Obrigar um profissional a ter um diploma é apenas exigir capacitação.
O fato de se exigir um diploma para exercer a profissão de jornalista não impede ninguém de se expressar, isso não tem nada a ver com liberdade de expressão, tem a ver com os interesses dos mais influentes.
Acompanhando o site do UOL me chamou a atenção uma matéria com a opinião do presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Sérgio Murilo. Ele defende a obrigatoriedade do diploma e afirma que a decisão do STF prejudica o exercício do jornalismo no Brasil. Segundo ele, a deliberação foi tomada para atender as necessidades das empresas e enfraquecer a classe dos jornalistas. Em suas palavras: "É entregar o galinheiro para os lobos tomarem conta. Acaba a valorização do mérito pessoal de se procurar por um escola de jornalismo e substitui-se pela vontade do patrão, que vai decidir com base num 'talentômetro' quem pode, ou não, ser jornalista".
Enquanto jornalista, a atitude do STF me preocupa não só por me atingir como profissional da classe, mas principalmente por prejudicar a cultura do nosso país e causar danos a sociedade. Como se não bastasse prejudicar um país inteiro, o fim da obrigatoriedade do diploma acaba expondo os jornalistas a ímpetos e a falta de respeito exacerbada.
Um exemplo claro que comprova a afirmação acima vem da própria argumentação usada pelo presidente do STF, Gilmar Mendes, ao votar contra a obrigatoriedade do diploma. O ministro desrespeitou a classe de jornalistas ao justificar sua decisão, comparando o jornalista ao cozinheiro e ainda afirmou que não é preciso ser jornalista para ter opinião.
O presidente do STF que me desculpe, mas mais do que cozinheiros somos formadores de opinião e para ser jornalista é preciso muito mais do que ter apenas opinião. Mais do que informação é preciso FORMAÇÃO. Jornalista sem diploma é um profissional sem futuro.
Diante da deliberação do Supremo, nos resta acreditar no bom senso das empresas de comunicação jornalística para continuar contratando profissionais qualificados.