segunda-feira, 19 de outubro de 2009

I SEMINÁRIO AVALIAÇÃO E SOCIEDADE

por Luciana Araújo
Desafios e possibilidades da pesquisa e métodos quantitativos. Esse foi o tema do primeiro Seminário Avaliação e Sociedade, realizado entre os dias 23 e 25 de Setembro de 2009, na Fundação Visconde de Cairu sob patrocínio da FAPESB e SEBRAE e apoio da ABAVE, UNEB, promovido pelo Grupo de Avaliação da FACED-UFBA, que é coordenado pelo Prof.Dr. Robinson Moreira Tenório.

Na abertura do evento o Grupo de Avaliação coordenado pelo Prof. Tenório, homenageou a Profª. Bernadete Gatti pela sua profunda contribuição à produção do conhecimento e à formação de indivíduos para uma sociedade mais cidadã.
O evento possibilitou o encontro entre pesquisadores acadêmicos da área de educação e demais interessados. Com o objetivo de difundir, atualizar e compartilhar o conhecimento sobre a metodologia e instrumentos de pesquisas quantitativas, o seminário contou com palestras, mesas redondas e apresentação oral de trabalhos relacionados ao tema.
O Seminário foi elaborado por uma comissão organizadora presidida pelo Prof. Tenório e composta pelos membros: Annelay Peneluc, Ana Cristina Oliver, Marcos Antônio Vieira e Roseli Oliveira. A programação teve duração de 18 horas divididas entre os três dias de realização do evento.
No primeiro dia, ocorreu a abertura do seminário com a Coordenadora do Departamento de Pesquisas Educacionais da Fundação Carlos Chagas, Profª. Drª. Bernadete Gatti, falando sobre Abordagens Quantitativas e Pesquisa Social. Segundo ela, o aspecto que orienta o pesquisador na investigação é o que diferencia as formas de abordagem de questões em investigação, - e não o uso de dados quantitativos e qualitativos.
Gatti ainda afirmou que o ponto de partida para a investigação é o problema de pesquisa, ou o foco da pesquisa avaliativa. Em suas palavras: “Nas pesquisas científicas partimos sempre de um
problema cujo enunciado já diz da perspectiva em que nos situamos teórica e epistemologicamente”.
A Coordenadora ressalta que as escolhas para a busca de informações dependem da natureza das questões que são colocadas, da maneira como são colocadas e das perspectivas que se tem quanto ao sentido das questões levantadas. Ela complementa dizendo que em alguns momentos são necessárias grandezas numéricas para poder então discutir a questão em foco, em outros é preciso que haja aprofundamentos de natureza mais clínica.
No segundo dia, o Prof. Dr. José Francisco Soares iniciou a palestra com o tema: Caracterização dos efeitos das escolas no desempenho cognitivo de seus alunos. Ele destacou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional no seu Art. 1º, que diz: “A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”.
O Prof. Soares menciona em sua palestra primordialmente a aprendizagem de conteúdos cognitivos. Ele trata também dos fatores associados ao desempenho cognitivo, destacando à estrutura escolar, associados à família e as pessoas que estão relacionadas ao próprio aluno.
Logo em seguida, o Prof. Dr. Carlos Nunes apresentou a Teoria de Resposta ao item para otimização de escalas tipo likert. Em sua palestra, ele começou falando sobre os modelos apresentados pela teoria de resposta ao item. Nunes afirma que essa teoria, “apresenta modelos que relacionam a magnitude do “traço latente” da pessoa e seus possíveis padrões de resposta”.
Pela tarde, o Prof. Dr. Nilson Machado deu continuidade ao seminário com sua apresentação, cujo tema foi, “Avaliação em educação: das técnicas aos valores”. Foram discutidas questões fundamentais no processo de avaliação desde as técnicas até os valores, e sobre projetos relacionados à avaliação externa e interna.
O Prof. Dr. Elizeu Clementino proferiu a palestra «Avaliação em educação: narrativas, números e conhecimento de si», seguindo-se a mesa redonda: "Propostas híbridas de abordagens quantitativas e qualitativas na avaliação em educação»
No último dia do evento, a Profª. Drª. Nadia Hage Fialho iniciou o seminário com a palestra “Avaliação em educação: Planejamento e Gestão Escolar ”. Foram apontadas questões relacionadas ao Índice de Desenvolvimento da Educação Básica ( IDEB) , Programa Internacional de Avaliação de alunos (PISA) e o Censo Escolar.
Além dos assuntos mencionados acima, a professora também falou sobre o Projeto Modelo de Avaliação de Sistema de Ensino da FAPESB, que tem como objetivo aprimorar uma técnica de avaliação do sistema de ensino fundamentada em uma auto-avaliação monitorada e associada às unidades escolares.
Dando continuidade ao seminário, seguiu a palestra “Modelos Hierárquicos Lineares em Avaliação Educacional”, com a Prof.ª Drª. Rosana Castro. Durante a apresentação, Castro falou sobre Análise estatística e Análise dos resultados de uma avaliação educacional, modelos de regressão, vantagens dos modelos hierárquicos, e Desigualdades raciais no sistema brasileiro de educação básica.
Ela concluiu dizendo que os modelos lineares hierárquicos são aplicados na maioria dos estudos nacionais e internacionais sobre os fatores associados aos desempenhos acadêmicos.
O evento contou com a apresentação oral de diversos trabalhos e com uma palestra de encerramento proferida pelo Prof. Robinson Tenório com o tema: Avaliação e Educação para o Futuro.


quarta-feira, 1 de julho de 2009

Jornalista sem diploma, jornalista sem futuro

Desde que a profissão de jornalista foi regulamentada, na época do regime militar, o diploma universitário passou a ser exigido. Hoje, passados 40 anos o Supremo Tribunal Federal (STF) decide que é inconstitucional a obrigatoriedade do diploma para exercer o jornalismo.
Essa decisão trouxe muitas discussões na sociedade, já que 8 dos 9 ministros foram contra o diploma de jornalista para o exercício da profissão. Além de prejudicar os jornalistas profissionais e decepcionarem estudantes de jornalismo, a decisão que beneficia empresas de comunicação acaba atrasando a própria sociedade. O STF está ocultando à sociedade, um jornalismo sério, feito com competência técnica, ética, e valor cultural.
Todo mundo tem uma opinião, mas é fundamental saber como propagá-la. E nada melhor do que uma formação acadêmica para unir a teoria e a prática. Fazer uma faculdade só irá angariar mais conhecimento. Obrigar um profissional a ter um diploma é apenas exigir capacitação.
O fato de se exigir um diploma para exercer a profissão de jornalista não impede ninguém de se expressar, isso não tem nada a ver com liberdade de expressão, tem a ver com os interesses dos mais influentes.
Acompanhando o site do UOL me chamou a atenção uma matéria com a opinião do presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Sérgio Murilo. Ele defende a obrigatoriedade do diploma e afirma que a decisão do STF prejudica o exercício do jornalismo no Brasil. Segundo ele, a deliberação foi tomada para atender as necessidades das empresas e enfraquecer a classe dos jornalistas. Em suas palavras: "É entregar o galinheiro para os lobos tomarem conta. Acaba a valorização do mérito pessoal de se procurar por um escola de jornalismo e substitui-se pela vontade do patrão, que vai decidir com base num 'talentômetro' quem pode, ou não, ser jornalista".
Enquanto jornalista, a atitude do STF me preocupa não só por me atingir como profissional da classe, mas principalmente por prejudicar a cultura do nosso país e causar danos a sociedade. Como se não bastasse prejudicar um país inteiro, o fim da obrigatoriedade do diploma acaba expondo os jornalistas a ímpetos e a falta de respeito exacerbada.
Um exemplo claro que comprova a afirmação acima vem da própria argumentação usada pelo presidente do STF, Gilmar Mendes, ao votar contra a obrigatoriedade do diploma. O ministro desrespeitou a classe de jornalistas ao justificar sua decisão, comparando o jornalista ao cozinheiro e ainda afirmou que não é preciso ser jornalista para ter opinião.
O presidente do STF que me desculpe, mas mais do que cozinheiros somos formadores de opinião e para ser jornalista é preciso muito mais do que ter apenas opinião. Mais do que informação é preciso FORMAÇÃO. Jornalista sem diploma é um profissional sem futuro.
Diante da deliberação do Supremo, nos resta acreditar no bom senso das empresas de comunicação jornalística para continuar contratando profissionais qualificados.